Chances que há muito esperavam, Agora brotam de toda parte, Confundindo-me e atormentando. Justa a hora em que decisões me atingiam. Tais que, me aceitavam na condição em que me encontro. Onde me suborno e me engano, Me pago e peço empréstimos. Onde por acaso, começo a viver livre dentro de minha própria prisão, Aprendendo a me acomodar e gostando de minha gratidão. Sem viver para frente, nem para trás, Sem olhar diante da janela, nem lembrar de meu jardim. Sem prevalecer medos, sonhos, nem começo, nem fim.
Thaís de sá
Antes de prosseguir em meu caminho e lançar o meu olhar para frente, uma vez mais elevo, só minhas mãos a Ti na direção de quem eu fujo. A Ti, das profundezas de meu coração, tenho dedicado altares festivos para que, em cada momento, Tua voz me pudesse chamar. Sobre esses altares estão gravadas em fogo estas palavras: "Ao Deus desconhecido". Teu, sou eu, embora até o presente tenha me associado aos sacrílegos. Teu, sou eu, não obstante os laços que me puxam para o abismo. Mesmo querendo fugir, sinto-me forçado a servir-Te. Eu quero Te conhecer, desconhecido. Tu, que me penetras a alma e, qual turbilhão invades minha vida. Tu, o incompreensível, mas meu semelhante, quero te conhecer, quero servir só a Ti.
Friedrich Nietzche.
Coração enfermo, entorpecida mente, interno descrente, Luz da aurora, alvorada reluzente, Ostracismo pedaço de seiva, um corpo a que repudio, De inferno e céu habita em mim, louca e santa a me induzir. Invisíveis ancestrais. Descompassado elo que me atrai, sórdido mal que me distrái. Vozes que alimento, vivos vestígios não deixam ser decorrido. Memória de lentos eventos, repassam no obscuro da lente, Desorientado hemisfério em que o findado é o presente. Thaís de Sá
Mundo imundo, perverso, sagaz.Misteriosa rotação que ilude coração e canção,Sangra o sonho, sonhador,Entorpece anônimo criador,Entristecido poeta traduzido em dor,Eleva emoções, encantos.Astro traidor que exige dos mais belos corações seu ardor,Das mais belas faces seu furor,Dos mais belos sentimentos o horror,Um palco jocoso do belo sorriso ameaçador.Nas voltas desse gigante magnata infante,Mãos aguardam minha chegada,Entrelaçando dedos em papéis,Esperando converter-me a um de seus fiéis.Thaís de Sá
Quando a hora dobra em triste e tardo toqueE em noite horrenda vejo escoar-se o dia,Quando vejo esvair-se a violeta, ou queA prata a preta têmpora assedia;Quando vejo sem folha o tronco antigoQue ao rebanho estendia sombra francaE em feixe atado agora o verde trigoSeguir o carro, a barba hirsuta e branca;Sobre tua beleza então questionoQue há de sofrer do Tempo a dura prova,Pois as graças do mundo em abandonoMorrem ao ver nascendo a graça nova.Contra a foice do Tempo é vão combate,Salvo a prole, que o enfrenta se te abate.