sábado, 27 de outubro de 2007

Psicologia de um Vencido



Eu, filho do carbono e do amoníaco, Monstro de

escuridão e rutilância, Sofro desde a epigênese da

infância , A influência má dos signos do zodíaco.

Profundíssimamente hipocondríaco, Este ambiente me causa repugnância... Sobe-me à boca uma ânsia análoga à ânsia Que se escapa da boca de um cardíaco.

Já o verme– este operário das ruínas Que o sangue podre das carnificinas , Come, e à vida em geral declara guerra...

Anda a espreitar meus olhos para roê-los, E há de deixar-me apenas os cabelos, Na frialdade inorgânica da terra !!!

Augusto do Anjos

Ninguém...



A rua estava fria. Era sábado ao anoitecer, mas eu estava chegando e não saindo. Passei no bar e comprei um maço de cigarros. Vinte cigarros. Eram os vinte amigos que iam passar a noite comigo.

A porta se fechou como uma despedida para a rua, mas aporta sempre se fechava assim. Ela se fechou com um som abafado e rouco. Mas era sempre assim que ela se fechava. Um som que parecia o adeus de um condenado. Mas aporta simplesmente se fechara e ela sempre se fechava assim. Todos os dias ela se fechava assim.

Acender o fogo, esquentar o arroz, fritar o ovo. A gordura estala e espirra, ferindo minhas mãos. A comida estava boa. Estava realmente boa, embora tenha ficado quase a metade no prato. Havia uma casquinha de ovo e pensei em pedir-me desculpas por isso. Sorri com esse pensamento. Acho que eu sorri. Devo ter sorrido. Era só uma casquinha.

Busquei no silêncio da copa algum inseto, mas eles já haviam todos adormecidos para a manhã de domingo. Então eu falei em voz alta. Precisava ouvir alguma coisa e falei em voz alta. Foi só uma frase banal. Se houvesse alguém perto, diria que estava ficando doido. Eu sorriria. Mas não havia ninguém. Eu podia dizer o que quisesse. Não havia ninguém para me ouvir. Eu podia rolar no chão, ficar nu, arrancar os cabelos, gemer, chorar, soluçar, perder a fala, não havia ninguém para me ver. Ninguém para me ouvir. Não havia ninguém. Eu podia até morrer.

Luiz Vilela

domingo, 21 de outubro de 2007

Angel Save me


Angel, I hope you, here with me
My tears it's falling, and my dreams it's parted
My sweat turned blood
I need of help, of that you help me I need of help, the darkness is raiding me I need of help, angel, save me I'm in on infiniy, I'm only, only My smile sad, not convince more anything ...
By this the solitude corrupt me
They're my around, always...
And never more share of my life, the farce finished, they know that all was mask and give me the backs...
Angel give me light, show me the return,
show me the true way, ear my prayer....
Save me...



Thaís Sá

Minha Tristeza...


Uma porta quer tragar-te, por favor não vá.
Te espero aqui de braços abertos, mas sua demora faz minhas pernas tremerem e caio de joelhos.

A chuva marca o nascimento da morte.
Anjos consolam-me a dor adquirida.

Um dia poderei te ver novamente
Agora meu sacrifício é não sofrer, pois são minhas lágrimas o reflexo de sua dor

Agora o vazio, o silêncio e as canções
Dizem meus sonhos e minhas tristezas

Olho pela janela e a chuva cai, relembrando-me
O seu dia e a minha angústia

Mas agora o tempo passa e está ficando cada vez mais nublado
Com um sopro o vento traz de volta aquela força misteriosa
Que destrói e dilacera meus anseios.

Thaís Sá

Brisa


Sinto a brisa tocar meu rosto, meus pensamentos brotam como uma semente que germina. Sinto-me só. Sem começo, sem meio, com fim... Meu horizonte é o nada, uma infinita estrada que percorro sem chegar a lugar nenhum. Prisioneira de meus anseios vago pela multidão, rastejo pela escuridão... Minhas feridas inflamam e a dor me consome, eu não choro, mas sinto falta das lágrimas que deliciavam-se da minha face... Elas esfriavam meu rosto e junto com a brisa acalentavam minha alma.

Thaís Sá