sexta-feira, 11 de fevereiro de 2011

Angustia...

Gostaria mesmo de conseguir transformar essa angustia em sofrimento, porque angustia não se trata somente se sente, não dá pra nomear os sentimentos, fica entalada no peito, aquela dor constante, um peso, somente fica, e não se sabe como fazê-la partir porque não se sabe o que é, de onde vem, só é um vazio...
Quando se torna sofrimento, há entendimento, nomes, palavras que descrevam os incômodos, há reflexão, deixa de ser uma coisa centralizada no peito e que não sai da garganta, vira pensamentos, vira lágrimas, se torna possível a busca de uma resposta, de uma resolução...
Sou apaixonada pela natureza, por gestos simples, pelo bom humor, e música de qualidade, gosto de ver as coisas belas, o lado bom, o positivo, de ter esperanças de uma vida melhor, gosto da brisa, da solidão, das memórias, gosto do romantismo, não do romantismo superficial tão consumido e vendido em pró de algo mais, mas o romantismo que é a demonstração de um verdadeiro amor, o mundo já está cheio de muita banalidade e isso também se apossou do que é considerado romântico.
O problema é que o romântico está morto, tudo o que se vê é uma mascara, que o que está por traz não é nada mais que um banal consumismo, uma vontade louca de se reafirmar ou conquistar um objeto, porque pessoas são consideradas objeto, algo a ser adquirido, comprado, consumido.
A sensibilidade é fraqueza que leva ao sofrimento, mas também torna um individuo menos cego, e fazer o que se a verdade quase sempre dói?
Sempre percebo o formato das nuvens, o sol brilhando, o céu bem azul, e a brisa calma que entra pela janela do ônibus toda manhã, percebo os mendigos nas ruas que sempre passam despercebidos, as folhas que caem secas no caminho e em seu lugar folhas grandes e verdes, os casais que se encontram na hora do almoço, e todo o movimento ao meu redor, gosto de perceber o que está por trás do que é evidente.
Me sinto só, pois falta alguém que perceba verdadeiramente esses detalhes, que sinta a música na alma, que se entregue tão facilmente quanto eu a uma voz afinada, uma dança do coração, o sofrimento de alguém que pareça feliz.
Percebo que me afasto mais e mais das pessoas, mesmo mantendo um certo vinculo, não me envolvo além do pedido, pois sempre sofro no fim ao atentar o vazio que ainda se mantém sólido, essa angustia que não passa, me faz diferente, sensível embora pareça o contrario, deficiente, ferida.
Vejo o tempo passar, amigos se afastarem, outros chegarem, uns morrerem, e filhos de amigos nascerem, alguns se casarem, outros se separarem, não percebo sentido, tudo isso é vazio pra mim, e não quero seguir esse caminho, quero criar novos sentidos para mim, e encontrar uma companhia que veja que sou mais que minha imagem pareça.

Thaís de Sá

Um comentário:

Anônimo disse...

A busca desse caminho tão seu me faz lembrar o Caminho de Santiago de Compostela não que já tenha feito a peregrinação ao local, mas é que de vez em quando é necessário essa peregrinação, seja a um caminho, seja ao silêncio, seja a um retiro onde só exista você e quem sabe Deus...que tal uma viagem sozinha moça?Um fim de semana num lugar pertinho onde tudo seja novo, os ares mudam, a solidão ensina e novas perspectivas podem surgir!!!